Painel do Mês da Mulher AASP debate conquistas históricas das mulheres na CLT

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Evento trouxe uma análise profunda sobre igualdade no acesso, permanência e
ascensão das mulheres no mercado de trabalho.

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Dando continuidade à programação do Mês da Mulher AASP, aconteceu na quinta-feira (2/3), às 19h, o webinar exclusivo sobre o “Direito do Trabalho: conquistas históricas para a mulher na CLT”, com a participação de Dione Almeida e Daniela Muradas Antunes e moderação de Luciana Pereira de Souza.

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Dione iniciou sua fala trazendo um recorte sobre a história do trabalho da mulher, desde o projeto do código de trabalho de 1917, passando pelos direitos assegurados pela CLT, Reforma Trabalhista e, por fim, a Lei nº 14.457/2022, sobre a flexibilização da jornada e das férias para quem tem filho.

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“Em todos os momentos históricos, pensamos em proteger a honra da mulher, por isso ela não trabalha à noite, e também a maternidade, mas não asseguramos que ela tenha condições de igualdade no acesso, permanência e ascensão no mercado de trabalho”, analisa.

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Para Dione, gênero e raça são dois grandes obstáculos de promoção de seres humanos e grande dificuldade na efetividade de direitos fundamentais, já que uma mulher negra, por mais competente que seja, tem uma possibilidade menor do que 1% de sentar na cadeira de presidência de uma empresa, por exemplo.

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“Eu acredito que, em 80 anos de CLT, os principais problemas das mulheres não foram resolvidos, porque elas não ocupam esses espaços de poder e de tomada de decisão. Quem passou séculos à margem de uma proteção constitucional não faz a lei, não interpreta a lei e não aplica a lei. É por isso que não resolvemos os problemas. As leis não foram pensadas por mulheres e a história do nosso país não é feita nem contada por mulheres. Por ora, concluo que, do meu lugar de fala, que não é um lugar de privilégios, não vejo nenhuma conquista para as mulheres na CLT”.

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Daniela Antunes iniciou sua fala analisando que as conquistas são abordadas sob uma perceptiva histórica e que a construção e a representação da legislação de trabalho são pautadas dentro de certos mitos. “Boa parte do direito das mulheres se inserirem no mercado de trabalho está baseada, como bem disse a Dra. Dione, em mecanismos que transpassam as atividades de cuidado desenhadas por uma sociedade patriarcal, como a atividade de empregada doméstica. As principais atividades de cuidados são essencialmente femininas e negras”, explicou.

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Para Daniela, o que vem se apresentando como conquista feminina na verdade se mostra contraditoriamente como aquilo que oprime as mulheres, que saíram do papel de “bela, recatada e do lar” para uma lógica de que todos somos igualmente explorados, o que para ela parece é que a conquista que o feminismo branco tanto postulou na prática é um tiro no pé.

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“Concluo, portanto, que nossos mecanismos estão ainda muito deficitários para criar condições de um novo desenho da sociedade nas relações familiares, nas relações de gênero e para a superação da divisão social do trabalho, pois do jeito que está hoje a mulher está sendo hiperexplorada no mercado de trabalho e ainda desempenhando jornada dupla sem ter condições de se realizar, tenho sempre as piores condições de trabalho”, finalizou.

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Ao final, moderadora e palestrantes encerraram o debate, ressaltando o incentivo dos jovens a ocupar espaços de política e poder, com a esperança de que os próximos anos serão de ganhos para o trabalho da mulher.

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